10/09/2010 20:10

Publicação da Aliança Capoava indica o estado da RSE no país

 

Publicação da Aliança Capoava indica o estado da RSE no país
 

 

Paulo Itacarambi comenta sobre a nova publicação e fala da Aliança Capoava, que reuniu Ashoka-Brasil, Fundação Avina, Gife e Instituto Ethos.

A Aliança Capoava, iniciativa conjunta da Ashoka-Brasil, da Fundação Avina,  do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) e do Instituto Ethos, acaba de lançar uma publicação que procura sintetizar o estado do movimento de responsabilidade social empresarial no país, incluindo aspectos relacionados ao investimento social privado.

Intitulado Responsabilidade Social Empresarial: Por Que o Guarda-Chuva Ficou Pequeno, o livro é resultado de uma série de encontros realizados, por essas organizações com as principais lideranças da sociedade civil brasileira, entre 2007 e 2008. Ao aprofundar a discussão em torno da RSE, essas conversas envolveram questões conceituais, limites de atuação, papéis, desafios, tendências e oportunidades que pudessem pautar e fortalecer as relações entre os vários públicos envolvidos.

Para apresentar a publicação e comentar sobre o trabalho desenvolvido pela Aliança Capoava, entrevistamos Paulo Itacarambi, vice-presidente executivo do Instituto Ethos e representante da entidade na aliança. Confira o resultado a seguir.

Instituto Ethos: O que significou a Aliança Capoava e quais foram suas realizações?
Paulo Itacarambi: A Aliança Capoava é uma iniciativa que reuniu a Ashoka-Brasil, a Fundação Avina, o Gife e o Instituto Ethos em torno de objetivos comuns. Seu principal trabalho consistiu em desenvolver um conjunto de ações para promover parcerias e alianças entre empresas e organizações da sociedade civil. Houve uma perfeita sintonia de propósitos entre as quatro organizações. Desenhamos ações claras e consistentes e tivemos alguns bons resultados, como a pesquisa Alianças e Parcerias – Mapeamento das Publicações Brasileiras sobre Alianças e Parcerias entre Organizações da Sociedade Civil e Empresas.

IE: O que os levou a registrar essa experiência na publicação Responsabilidade Social Empresarial: Por Que o Guarda-Chuva Ficou Pequeno?
PI: A publicação registra as visões das redes dessas quatro organizações sobre responsabilidade social empresarial e sustentabilidade, reunindo observações muito ricas e que certamente serão de grande utilidade para os participantes dessas mesmas redes – empresas, institutos e fundações, líderes e empreendedores.

IE: Qual foi o papel do Instituto Ethos nessa parceria e que aprendizagem ela trouxe para a organização?
PI: Aprendemos a compartilhar a coordenação e a organização de trabalhos, pois havia muita confiança e entrosamento entre as instituições, algo que persiste até agora. Aliás, essa aproximação entre as quatro organizações foi um bom resultado da Aliança Capoava. Todos os parceiros atuaram ativamente na coordenação das atividades. Em alguns momentos, o Ethos ficou responsável pelas despesas e pela supervisão da equipe. Em outros, essa função foi passada para o Gife. A Aliança Capoava era um espaço privilegiado de aprendizagem. Graças a essa experiência, o Ethos está mais capacitado para trabalhar em parcerias.

IE: O título da publicação é um questionamento ao modelo que traduz a RSE como um guarda-chuva, em que cada gomo representa um dos stakeholders da empresa, os quais, juntos, dão corpo à RSE. Por que esse modelo tornou-se ultrapassado?
PI: O modelo do guarda-chuva leva a crer que a RSE resulta de uma somatória. Mas é preciso uma visão mais abrangente e global, que não é necessariamente a soma das partes. É necessário uma nova concepção sobre nossas relações com a sociedade e com a natureza. É preciso mudar essa visão que orienta as ações das instituições. Atualmente as organizações estão focadas em sustentabilidade e não relacionam esse conceito à RSE. Não percebem que a RSE é um caminho para se chegar a uma sociedade sustentável e socialmente justa. O modelo do guarda-chuva não abrange a ideia de cuidado com os stakeholders nem explica a RSE como estratégia. Por isso não é suficiente.

IE: A publicação informa que o movimento de responsabilidade social representou uma alteração no modo como as empresas enxergam a sociedade. Fala-se de uma mudança na mentalidade empresarial. Esse processo continua? De que maneira?
PI: As empresas se deram conta de que seus impactos sobre a sociedade podem ser mais ou menos negativos, ou mais ou menos benéficos, dependendo da forma como elas realizam seus negócios. Para obter resultados positivos e benéficos para a sociedade, a melhor forma é uma gestão multistakeholder, procurando conseguir bons resultados para todas as partes interessadas.

IE: A Aliança Capoava permanece? Como dar continuidade a esse tipo de parceria?
PI: A Aliança Capoava foi descontinuada. Os trabalhos não foram mantidos pelo fato de não conseguirmos adequar sua agenda com as agendas individuais das organizações. Isso mostra que não é muito simples estabelecer um trabalho contínuo em parceria com outras organizações. Manter uma aliança desse tipo é tão mais difícil quanto menos específico é o objeto do trabalho conjunto. E a agenda da Aliança Capoava era de fato muito ampla e complexa, dificultando sua absorção pelas organizações individualmente.

Por Letícia Paiva e Benjamin S. Gonçalves (Instituto Ethos)

—————

Voltar


Contato

The key - Nova Economia

55 11 5103-5600